Uma Zona "marromenos" chique (como em boa parte dos meus contos)...
- Me vê mais uma dose de Jack Daniel's, por favor! - disse o homem de aproximadamente 40 anos, barba branca por fazer, sobrancelhas grossas e vestido com um terno surrado.
- Me vê mais uma dose de Jack Daniel's, por favor! - disse o homem de aproximadamente 40 anos, barba branca por fazer, sobrancelhas grossas e vestido com um terno surrado.
- É pra já, senhor! - disse o garçom.
- Cowboy!
- Ok.
- Ok.
- Eu também sou acostumado a tomar Jack assim... - Disse o sujeito magro, por volta de 30 anos, de nariz pontudo e olhos de suricate.
- Tem bom gosto!
- Isso aí!
- Diego, prazer! - Disse o magricelo.
- Tom! - respondeu o de barba, fingindo certa virilidade à lá filmes western.
Diego - E o que te faz se entregar ao uísque hoje?
Tom - Minha sogra.
D - Como assim?
T - Eu tenho tido uns sonhos esquisitos com ela...
D - Vixe! Que tipo de sonhos?
T - Os mais loucos que você possa imaginar.
D - Me dê uns exemplos então...
T - Num deles eu voava como um passarinho em direção ao horizonte infinito, quando fui atingido por uma chuva de meteoritos que tinham, cada qual, o formato de um dedo do meio. Como se todos os meteoritos estivessem me mandando se fuder. Entendeu?
D - Que doido! - Disse Diego, rindo. - E aonde entra a sua sogra nesse sonho?
T - Eu caí direto numa cratera que me levou para o inferno. E adivinha aonde fui parar? No colo do capeta! Agora pensa em quem era o capeta?
D - Sua sogra?
T - Exato! Com chifres gigantescos e sentada no trono dourado.
D - Puta que pariu!
T - E quando ela sorriu pra mim o pesadelo acabou.
D - Menos mal. Imagina se isso tivesse continuação...
T - Só sei que ando atormentado. Eu acho que a véia é "meia" macumbeira.
T - Só sei que ando atormentado. Eu acho que a véia é "meia" macumbeira.
D - Sai pra lá!
T - Ela deve ter feito algum trabalho contra mim, certeza!
D - Ela mora com vocês ?
T - Deus me livre! Quero aquela coisa desdentada longe de mim.
D - Que barra... Ela enche muito o seu saco?
T - A mulher acha que eu não sirvo pra filha dela. Sempre tentou nos separar. Só porque eu sou aposentado por invalidez...
D - Desculpa perguntar cara, mas como assim aposentado por invalidez?
T - Eu era professor. Os filhos da puta dos alunos da sexta série acabaram com minha saúde mental. Tomo remédios de tarja preta e tudo mais... O psiquiatra tem medo que eu me suicide ou mate alguém. Ele acha que sou um pouco psicopata... Essas coisas todas.
D - Caralho! E você pode tomar uísque assim?
T - Bem, poder não posso... Mas quem que aguenta ficar sem tomar umas de vez em quando?
D - Tá certo...
T - E você, que que faz por essas bandas?
D - Vou falar uma coisa meio "boiolística". Tô apaixonado...
T - Que "boiolística" nada, cara! Eu também já passei por essas coisas.
D - O meu problema é maior do que você imagina.
T - Então me conta, uai!
D - Tô apaixonado por uma puta daqui...
T - Que merda hein! Desculpa falar meu amigo, mas você tá fudido...
D - Eu sei. Mas cara, a mulher me pegou de jeito.
T - Hummm...
D - Não sou de pegar puta, sabe. Só que tava super necessitado e fiquei sabendo dessa zona aqui através de um amigo. Vim pra cá meio que sem saber se teria coragem. Então apareceu essa mulher. Nunca vi pessoa mais atenciosa. Me tratou super bem... Te falar cara, nem parece puta. Eu nem gosto de lembrar que ela é... Fico me enganando, sabe...
T - E de repente se apaixonou?
D - É. A gente transou na primeira vez. Ela me deixou fazer tudo... Só que ela era carinhosa. Foi doido. Parecia que eu tava com o amor da minha vida, sabe? A melhor experiência que eu já tive na cama. Ela sabia fazer bem a coisa.
T - Deixou fazer tudo, tudo? - disse, enfatizando o último "tudo".
D - Tudo... Isso aí...
T - Entendo.
D - E me cobrou a metade do preço na primeira vez. Na segunda ela nem me cobrou mais.
T - Você fica com ela de graça?
D - Sim! Venho aqui três vezes por semana... Ela é foda cara! Quero tirá-la dessa vida de puta!
T - Espero que você consiga!
D - Valeu pelo apoio!
T - Ela já está aí?
D - Vai chegar daqui a pouco... Tá quase na hora.
T - Aham...
(15 minutos depois... )
D - Olha lá ela...
T - O quê? - disse Tom, paralisado e com um olhar que aparentava um "estado de choque".
D - Que foi?
T - SANDRA?
D - Você a conhece? - Disse Diego, já bem aterrorizado por conta da reação de Tom.
T - Ela é minha mulher, seu filho da puta!
D - COMO?
Tom correu na direção de Sandra e já fui a puxando pelos cabelos. A mulher não teve tempo de reagir.
T - Sua vagabunda! O que você tá fazendo aqui? Esse é o horário de você ir para o curso de inglês!
Sandra - Ai amor, solta meu cabelo, eu explico... - Disse, já chorando.
T - Explica o caralho! Sua puta! Agora eu entendi tudo!
Sandra - Ai, calma!
T - Calma? Você tá pedindo calma pra mim? Calma você vai ver agora...
Tom pegou Sandra pela cabeça e bateu seu crânio contra a parede... Todo mundo na zona assistia a cena. Ninguém quis se intrometer, talvez por medo. As garotas de programa sumiram rapidamente. Somente ficaram no local os curiosos e Diego. Este tremia. Não sabia o que fazer. Viu Tom matar Sandra em segundos. Quando o marido traído abandonou o corpo da mulher no chão, logo olhou na direção de Diego.
D - Eu não fiz nada cara... Eu não sabia de nada!
Tom caminhava lentamente na direção dele com olhos diabólicos e flamejantes.
D - Me perdoa, por favor!
Tom chegou ao lado dele e se sentou no mesmo lugar que antes se encontrava.
T - Vaza! - Disse, sem olhar para Diego e admirando o copo de uísque.
Diego saiu correndo dali sem nem olhar pra trás. Algumas pessoas seriam capazes de dizer que o sujeito poderia facilmente disputar uma prova de 100 metros rasos.
Tom continuou saboreando seu Jack Daniel's. Já estava sozinho no estabelecimento. Ao longe dava pra ouvir a sirene da polícia. De repente o homem deu um sorrisinho maléfico com o canto da boca. Tomou o resto do uísque num gole só e disse baixinho pra ele mesmo:
- Aquela véia filha da puta...
- Aquela véia filha da puta...
Lá fora, um carro da polícia chegava. A algumas quadras daquele lugar, um homem corria como se não houvesse amanhã. O suor se misturava com as gotas da chuva repentina.
5 comentários:
Conto intrigante, pesado, violento... Fruto mesmo de uma mente atenta ao mundo, como a sua Leandro. Foi bom o tempo que passei com suas palavras.
Um abraço
Muito obrigado Paul!
Uma honra ter um conto lido por vc! =)
Sabe quando tu começa ler algo que te atrai até o fim, está aí Le!
Beijoos :*
Cara fiquei grudada no conto até o último ponto. muito bom, e um senso de humor pontilhado no final.
Muito obrigado, meninas!
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