terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sem inspiração

Transpiro e piro.
Na cadeira, um giro.
Suo. Sento. Não crio.
Não dou um pio.
Não estou no cio.
Nem um clique, nem um tique.
Olho o livro e me livro.
No cérebro, um crivo.
Um arrepio!
Nos olhos, um cílio,
Nas mãos, uma farpa.
Nas costas, a dor...
O verso escapa.
E vem pra chapa!
Queimo, frito,
Dou um grito.
Dou a cara a tapa.
Um sanduíche!
Uma olhada por cima.
Vixe!
Como os versos,
Mastigo a papa.

Mas nada me anima.

Nem o amor, nem o arco-íris,
nem o anão ou a fada...

E quando não vem a rima,

decreto:

Ou nasce um poema,

ou não nasce nada!