sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Boy: resposta à dama da noite

Olho pra você sentada aí sozinha e me dá certa pena. Minha querida coroa cheia dos preconceitos e infeliz, você acha realmente que suas palavras me afetam? Tenho cabelo arrepiadinho, sou boy sim, tenho meu jeito até mesmo juvenil nas minhas atitudes... Isso não quer dizer nada! Não pode querer me eliminar da face da Terra por coisas tão fúteis. Por acaso me conhece? Sabe alguma coisa sobre minha trajetória de vida? Conheceu meus pais? Você, minha querida idosa, é peça de museu velho. Acha ainda que vai aparecer um Humphrey Bogard nesse lugar aqui? Olhe à sua volta e veja a nova juventude que está surgindo. Somos todos de cabelo arrepiadinho. Somos mais do que a geração coca-cola. Somos a geração Twitter, Facebook, Orkut, Myspace, Fotolog, MTV, Emocore, Balada, Tubão. No entanto, queremos a mesma coisa que você, minha querida senhora: queremos ser felizes. Acha que um cara como eu não tem capacidade de amar? Pois digo, já amei, amo, do meu jeito, é claro. E nem vou responder acerca dessa história de que eu quero é dar o meu cu. E se eu quisesse dar, qual o problema? Você não tem o direito de dizer aos outros quais são as opções sexuais permitidas para cada um. Chupar uma bucetinha? Já cansei de fazer. Ao contrário de você, não idolatro isso. Talvez você faça do sexo oral um ídolo por não tê-lo praticado ultimamente. Meus amigos gostam de brincar que pessoas como você estão cheias de teias de aranha nas partes íntimas.
Na verdade tenho pena de você com todo esse mau-humor, essa tpm ambulante. Minha cara dama, você é daquelas pessoas que vão no supermercado e ficam com a cara amarrada, reclamando dos preços, fazendo os repositores (boys como eu) carregarem caixas de leite e fardos de farinha; você os faz colocar no seu carrinho e aí diz um obrigado seco, como se o pobre coitado fosse um escravo ou alguém subalterno. Você é daquelas senhoras que entram no ônibus e ficam prestando atenção nas conversas das pessoas pra chegar em casa e contar para a vizinha "como essa geração está perdida". Enquanto eu me divirto com minha galera, você fica no seu apartamento alisando seu gato preto e esnobe. Ou dando ração para seu cachorrinho com cara de rato. Realmente, minha senhora, realmente sinto pena de você. Acredito que seja daquelas pessoas pessimistas, daquelas que olham para a luz do sol e reclamam do calor; ou reclamam da chuva; ou do frio. Você não se importaria de usar casaco de pele, com certeza! Pois quer ser a Ingrid Bergman! Apesar de ser vegetariana. Porque ser vegetariano é chique. Quando passa por alguém que considera suspeito na rua, você logo desvia de caminho. Tem medo das pessoas! Tem medo de viver!!! Guarda sua caixinha de jóias como se fosse a urna sagrada do Tutancâmon! Não, eu não quero suas pérolas, pode ficar tranquila. Nem ligo para essas jóias. Dou mais valor para meus piercings e para minhas tatuagens. Talvez para o meu cabelo arrepiadinho... Que tal jogar um video-game comigo? Agora eu comprei um Nintendo Wii. Ah, esqueci, você não gosta de tecnologia! Não suporta esse pessoal que perde horas na frente de algum aparelho eletrônico. Tudo bem, é só deixar de perder sua meia hora diária passando laquê no cabelo. Vamos lá, vai ser divertido, principalmente o boxe. Você sua e fica em forma. Putz, esqueci que você não gosta de suar! Não vai querer fazer alguma caminhada, acampar, escalar montanhas... Se fizer isso, vai quebrar o salto, a unha. Não, não vou deixar tal tragédia acontecer contigo. Afinal, nem a louça você lava, com medo de deixar as mãos enrrugadas. Porque as rugas se espalham pelo corpo. Olha os pés de galinha no seu rosto! Se você não ficasse tanto tempo fazendo cara de quem não gostou, talvez não as tivesse...E, além disso, você tem empregada. Os R$ 300,00 que paga todo mês para ela precisam ser bem utilizados. Pois tempo é dinheiro, e dinheiro é vida. Ademais, você precisa ir no teatro, na ópera. Precisa encontrar mais pessoas ilustres como você, com laquê no cabelo e vestidos cor-de-abóbora-com-purpurina. Purpurina! Você é uma purpurina ambulante. Agora achei a palavra certa para lhe definir. Já consigo imaginá-la nas festas de fim de ano, solitária no seu quarto, lembrando dos tempos em que era feliz. Guardou uma espumante especial para aquele dia. Talvez sua amiga de Brasília a venha visitar no Natal. Quem sabe aquela ceia ainda possa ter sentido, caso tenha alguém para apreciá-la com a sua pessoa. Se não for no Natal, pode ser no Ano Novo. No carnaval. Na páscoa. E tudo isso pode passar e você pode ainda continuar sozinha, esperando seu Humphrey Bogard aparecer na porta desse pub. Se ele não aparecer, não seja tímida, pois o boyzinho de cabelo arrepiadinho não vai ignorá-la, caso puxe papo com ele. O boy aqui tem bom coração e sente pena de você com sua solidão. Agora, no momento, minha senhora, vou deixá-la aí sentada e vou curtir a balada com minha galera; talvez dar uns catos na minha gata. Tomar meu tubão e postar tudo no orkut. Ah, sim, claro, relatarei isso tudo no Twitter. Aliás, você tem Twitter? Tá, ok, vou deixar de fazer essas perguntas bestas. Agora vou mesmo. E caso queira se matar, prefira afogamento. Porque gás é perigoso para as outras pessoas. E, se pular do prédio, você pode acabar caindo em cima de alguém. Isso tudo é muito arriscado. Faça igual aquela moça, aquela escritora ... como é o nome dela mesmo? Virgínia alguma coisa. Será até mais chique pra você morrer assim... E se tiver um derrame ou infarto, que seja aqui por perto. O boyzinho pode ligar para a ambulância ou até mesmo levá-la de carro ao hospital. Não deixaria de prestar socorro a ninguém, nem mesmo a você que é tão, tão...Tá, não vou mais ofendê-la. Não mais do que você fez a mim. E se a gente não se ver, uma boa noite! Seja feliz!

Boyzinho

Nenhum comentário: