terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Desapaixonar

Nunca fui muito insistente.
Ao invés de esperar a água mole furar a pedra dura,
prefiro uma marretada.
Pago minhas contas na net, pra não enfrentar filas.
Paciência pra mim é um jogo de cartas.

Não tenho vergonha de desistir.
Não acredito que irei me arrepender por isso;
Não sou chegado a esses "conselhos de tia-avó".
Sou mais a minha honra.

E nem estou seguindo aquele ditado: "se não quer, tem quem quer"!
É mais uma escolha racional:
Eu sou feio, você é linda. Pronto! Cheguei a uma conclusão...
Difícil você me querer,
Assim como é difícil eu encontrar alguém que eu mesmo queira.

Ainda mais nessa liquefação do mundo.
E me irrita o fato de muitos e muitas se jogarem aos seus pés.
Não sou de disputar. Entrego o jogo fácil!
Nunca aposto todas minhas fichas num lance.
Se eu tenho um Flush, alguém pode ter um Full House.

Tudo é incerto, mesmo nas certezas.

Mas bastaria um sinal seu.
Por que não o fez?

Se eu tivesse um pouquinho de esperança que fosse...

Nunca adentro em selvas desconhecidas.
A escuridão da mata me assombra!
Preciso de pelo menos um mapa,
uma luz.
Um cego não atravessa a rua sem sua bengala.

E assim estou eu.

Precisava de uma orientação...
Um sinal verde que fosse.
Por natureza, só enxergo sinais vermelhos.
Não cometo infrações desse tipo.
Nem sequer sou daqueles que ultrapassam
os mais lentos.
Não porque tenho paciência, pois dessa não sou dotado:
mas porque tenho medo de bater o veículo.

Diante de tudo isso, renuncio aqui minha paixão por você.

Eu canso fácil.

E isso era previsível.

Porque, eu sou feio, você é linda.

Eu sou Deus e você uma simples mortal.

2 comentários:

Emanuel Cabral disse...

Esse texto é fantástico... Há tempos que não leio algo tão bem feito, sinceramente...

disse...

Muito Obrigado Emanuel!

Fico lisonjeado! :)